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Ser chefe – Um post e uma foto por dia – 30 de janeiro

Vejo muita gente dizendo que queria ser chefe do seu departamento ou da empresa onde trabalha. Só que eu percebo muitas vezes que essas pessoas só vêem o lado bom… Aumento de salário, “poder”, admiração etc. O lado ruim é bem pesado e digo “de cadeira”: muitas vezes é melhor não ter esse cargo.

Lembro da minha primeira experiência como chefe nesses mais de 20 anos de carreira. Estava eu na primeira agência que trabalhei, era Diretor de Arte Jr. (para quem não é de publicidade esse nome pode confundir… Eu não era “diretor” de nada! “Diretor de Arte” é quem faz a parte gráfica/visual das peças publicitárias e no nível “Júnior”, era apenas um degrau acima do estagiário, ou seja, estava beeeeeem no início da carreira), mas também sempre tive a música ao meu lado, tocava um violãozinho safado e enganava bem as pessoas… Na verdade, engano até hoje!

Um belo dia, o dono da agência me convidou para fazer um jingle (música do comercial publicitário) para o maior cliente da agência. Virei a noite produzindo e na hora de mostrar o cara nem ouviu direito e disse que não era aquilo. Tentei argumentar, mas ele virou as costas e me deixou falando sozinho. Uma amiga, vendo minha insatisfação, me disse que havia me indicado para uma outra agência, só que dessa vez para trabalhar apenas com internet. Isso era lá pelo ano 2000…

Ser chefe é beeem difícil

Fiz a entrevista e aguardei a resposta. Dois dias depois recebi uma ligação dizendo que gostaram muito do meu portfolio, do meu jeito e me convidaram para ser SUPERVISÃO DE CRIAÇÃO, um salto de pelo menos uns 5 anos na carreira. Fiquei radiante e não titubeei. Eu e minha equipe nos entendemos super bem, criamos campanhas muito bacanas, tudo ia muito bem até chegar a hora de entender a parte ruim de ser chefe: ter que demitir alguém.

Ninguém trabalha por brincadeira, faz por que precisa. De repente você ter a tarefa de ceifar aquela trajetória na empresa, não por questões profissionais, mas por questões “políticas” a pedido do dono da empresa, me fez muuuito mal. Ainda mais porque eu gostava muito da funcionária em questão, éramos amigos, nos dávamos super bem. Chamei-a para conversar na sala de reunião, expliquei o ocorrido, ambos choramos muito, mas tive que fazer o que me haviam ordenado Tentei ser o mais humano possível, tive empatia na hora de falar, mas enfim, estava feito.

Naquele dia fui para casa arrasado. Tinha entendido o porquê de um chefe ganhar mais, a verdade da relação RESPONSABILIDADE x REMUNERAÇÃO. Algum tempo depois, fui mandado embora dessa agência (a primeira e única vez na vida) sob a justificativa de ter o maior salário em meio ao momento financeiro delicado que a empresa passava, mas a lição ficou gravada.

Foto do dia

ser chefe
Ser chefe é parceria

Uns 15 dias depois da minha demissão, recebi uma ligação de uma das empresas mais importantes do Brasil me convidando para assumir o cargo de Supervisão de Criação de um dos maiores sites de notícias do país, àquela época. Perguntei quem havia me indicado e soube que aquela menina que eu acabara de demitir há dois meses, tinha dado meu nome porque o departamento havia ficado sem chefia. Nesse momento entendi que é possível ser chefe e ser humano ao mesmo tempo, mesmo tendo que demitir pessoas.

Tive o prazer de trabalhar novamente com ela, aprendi mais um pouco, depois nossas vidas seguiram caminhos distintos, mas até hoje somos amigos e guardo com muito carinho e agradecimento essa lição de vida que ela me deu, mesmo nem tendo percebido isso.

Tive vários chefes bons e outros nem tanto. Todos serviram para que eu moldasse minha forma de liderar. Aprendi na pele que ser chefe não é ter poder, é ter a admiração da equipe. Porque assim a confiança faz com que todos te sigam, sem medo. Ser chefe não é grito, é conversa… É parceria, comunhão e empatia. Ser chefe não é eterno… O mundo dá voltas. Ô se dá…

Forte abraço.

Se quiser saber mais sobre o projeto “Um post e uma foto por dia”, clique aqui

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