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Poesia nunca é demais – Um post e uma foto por dia – 17 de janeiro

Acho que uma das poucas coisas que são unanimidade em qualquer fase da vida é o gosto por poesia. Desde as primeiras rimas da infância, tipo “batatinha quando nasce”, até poemas mais densos, eu nunca conheci alguém que diga “Eu não gosto de poesia”… Graças a Deus!!!

Meu primeiro encontro com poesia, após esses “clássicos da infância”, foi logo após a passagem do meu pai. Eu tinha 13 anos e herdei centenas de livros, muitos tenho até hoje. Logo me chamou atenção aquele livro grosso, com ilustrações a nanquim, mas o nome era bem estranho para a minha idade… “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. Comecei a ler e não entendia 50% das palavras, mas curtia bastante, principalmente depois que soube que era um dos xodós do meu pai.

Poesia para todos os gostos

Lembro que numa aula de literatura um pouco depois disso, a professora perguntou “Vocês conhecem Camões?”e eu respondi “Sim, eu conheço ‘Os Lusíadas‘”… Fez-se se o silêncio, ela me olhou com uma cara de desconfiança e eu soltei o trecho que tenho até hoje gravado na cabeça:

As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;

Os Lusíadas – Luís de Camões

Eu não sabia, mas trata-se de uma das obras mais importantes da língua portuguesa. Depois dessa onda que eu tirei, sem querer, me apaixonei pela força que a poesia pode ter nas nossas vidas.

Na adolescência conheci um cara que me fez pirar de vez com poesia… Vinícius de Moraes e seus sonetos. Li o “Livro dos Sonetos” umas 50x, no mínimo. Gosto de muitos, mas em especial desse aqui:

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Soneto do Amor Total – Vinícius de Moraes

Foto do dia

poesia
amortemor, 1970 – A poesia concreta de Augusto de Campos

Depois, mais velho, comecei a consumir “drogas mais pesadas” quando me apaixonei por Augusto de Campos e sua poesia concreta:

Não queiras ser mais vivo do que és morto.
As sempre-vivas morrem diariamente
Pisadas por teus pés enquanto nasces.
Não queiras ser mais morto do que és vivo.
As mortas-vivas rompem as mortalhas
Miram-se umas nas outras e retornam
(Seus cabelos azuis, como arrastam o vento!)
Para amassar o pão da própria carne.
Ó vivo-morto que escarnecem as paredes,
Queres ouvir e falas.
Queres morrer e dormes.
Há muito que as espadas
Te atravessando lentamente lado a lado
Partiram tua voz. Sorris.
Queres morrer e morres.

O Vivo – Augusto de Campos

Gente, como é bom falar disso!! Que tal começar a colocar mais poesia na sua vida? Certamente existe algum estilo que vai te agradar e vai encher seu coração de amor e esperança num mundo melhor! A poesia é mágica! Tem alguma poesia que tenha te marcado? Me conta!

Forte abraço!

Se quiser saber mais sobre o projeto “Um post e uma foto por dia”, clique aqui

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4 thoughts on “Poesia nunca é demais – Um post e uma foto por dia – 17 de janeiro

  1. ahhhhh…. poesia pra mim? é alimento pra alma né? tenho muitas que participam do meu dia. mas essa (veja o video também – https://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc&feature=youtu.be ) é destaque:
    De tudo, ao meu amor serei atento antes
    E com tal zelo, e sempre, e tanto
    Que mesmo em face do maior encanto
    Dele se encante mais meu pensamento

    Quero vivê-lo em cada vão momento
    E em seu louvor hei de espalhar meu canto
    E rir meu riso e derramar meu pranto
    Ao seu pesar ou seu contentamento

    E assim quando mais tarde me procure
    Quem sabe a morte, angústia de quem vive
    Quem sabe a solidão, fim de quem ama

    Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
    Que não seja imortal, posto que é chama
    Mas que seja infinito enquanto dure

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